Nutrição e Depressão – Parte 2

Existem alguns nutrientes que podem estar envolvidos com a depressão quando não são consumidos em quantidade adequada na nossa alimentação.

Um desses nutrientes é o magnésio, que poderia estar envolvido neste processo por ter um papel muito importante na produção de energia (ATP), na regulação de íons no cérebro e na ligação do receptor de serotonina, além de ser necessário para que diversas enzimas do nosso corpo trabalhem da forma correta. Banana, abacate, beterraba, quiabo, amêndoas e nozes são alguns alimentos ricos em magnésio.

Achados clínicos mostram que a baixa concentração de magnésio no sangue pode gerar mudança de personalidade e depressão. Uma alimentação com baixa ingestão de alimentos fonte de magnésio ou uma má absorção de magnésio causada por alguma doença podem gerar esta depleção maléfica de magnésio no sangue. Por isso, é possível considerar a suplementação deste nutriente como tratamento, para além do consumo de alimentos fonte.

O zinco também é importante para a boa atividade de várias enzimas no nosso corpo e está envolvido na síntese (produção) proteica influenciando a divisão e diferenciação celular, além de demonstrar ter um papel importante no sistema imune. Existem estudos que relacionam a baixa ingestão de zinco e com o desenvolvimento de sintomas da depressão. Alguns alimentos fonte de zinco são carne vermelha, leite e derivados, feijão, castanha de caju e amêndoas.

O triptofano é um aminoácido essencial (aminoácido é a menor parte de uma proteína, e essencial significa que nosso corpo não consegue produzir, por isso devemos consumir através da alimentação) e é precursor da serotonina (neurotransmissor – molécula que quando em falta pode gerar a depressão). Exemplos de fontes de triptofano são arroz integral, feijão, carne bovina, peixe, aves, abóbora, banana e manga.

Os Ácidos graxos Ômega-3 e ômega-6 também são essenciais (precisamos consumir com a alimentação) e são importantes pois constituem partes de algumas células do sistema nervoso, além de ter papel na regulação do processo inflamatório do nosso corpo. Alguns estudos mostraram que ácidos graxos ômega-3 podem trazer resultados efetivos no tratamento da depressão. Portanto, consumir alimentos fonte e/ou suplementos de ômega-3 e ômega-6 em quantidade e proporção adequadas pode ser um fator determinante no tratamento da depressão. Fontes de ômega-3 são peixes de água fria (salmão, arenque, cavala, sardinha e atum) e são consideradas as principais fontes alimentares. Carnes, e óleos de soja e girassol são alguns importantes alimentos fonte de ômega-6.

As Vitaminas B6, B9 e B12 têm um papel importante para o funcionamento de enzimas que realizam a síntese (produção) dos neurotransmissores. O consumo insuficiente dessas vitaminas é um fator de risco para a depressão. As proteínas animais são boas fontes de vitamina B6 e B12, e as leguminosas, hortaliças e frutas são boas fontes de B9 (ácido fólico).

A vitamina D é conhecida pelo seu papel na regulação do cálcio e saúde dos ossos. Recentemente algumas pesquisas investigam a possível relação entre a vitamina D e os transtornos depressivos. Ela é produzida na pele através da exposição ao sol e pode ser adquirida através da ingestão de alguns peixes (como salmão, atum, sardinha e cavala), gema de ovo, óleo de fígado de bacalhau e suplementos.

A depressão é uma doença multifatorial, ou seja, diversos fatores estão envolvidos no desenvolvimento e progressão da depressão. Portanto, a alimentação pode não ser a causa exclusiva da doença, nem mesmo o tratamento exclusivo. Mais estudos precisam ser realizados, mas uma alimentação equilibrada e com quantidades adequadas de nutrientes pode auxiliar na melhora de sintomas e num melhor quadro geral de disposição e saúde.

 

Referências:

[1] SEZINI, Angela Maria; GIL, Carolina Swinwerd Guimarães do Coutto. Nutrientes e Depressão. Vita et Sanitas, Trindade-Go, n.08, jan-dez./2014