Ciclo da Compulsão Alimentar

O transtorno de compulsão alimentar é caracterizado por episódios em que o indivíduo consome grandes quantidades de alimentos, muitas vezes em alta velocidade, com a sensação de perda de controle, em um espaço de tempo de até 2h. É considerada uma doença psiquiátrica e não apenas falta de força de vontade. Esse transtorno alimentar deve ser tratado por equipe multiprofissional e especializada, como nutricionista, psicólogo e psiquiatra.

A compulsão alimentar é diferente do exagero alimentar. O exagero alimentar é um episódio que pode acontecer eventualmente, como repetir uma comida gostosa, sem que haja sensação de perda de controle ou sentimento de culpa. Por isso, é importante saber diferenciar os dois e expor isso para o paciente, para que fique clara a distinção.

Os episódios de compulsão alimentar ocorrem em ciclos, e é importante que o nutricionista saiba explicar para o paciente como isso acontece, pois, assim, conseguirá auxiliá-lo a diminuir sua frequência. O início se dá com uma cobrança, que pode ser autoimposta ou realizada por alguém do convívio, por não atender ao padrão de beleza, ou seja, um desconforto com a imagem corporal atual.

Assim, o indivíduo começa a fazer uma dieta restritiva, cortando alimentos importantes para sua nutrição, como os carboidratos, e diminuindo o volume dessas refeições. Ainda, o ciclo pode se iniciar por uma mentalidade de dieta, que dura pouco tempo, levando a um sentimento de incapacidade ou fracasso. Isso gera raiva e, também, gatilho emocional para que ocorra um episódio de compulsão alimentar, fazendo com que a pessoa coma para se confortar, sem controle e em busca de prazer, voltando ao início do ciclo de insatisfação corporal.   

O Diário Alimentar é bastante útil para o paciente ficar atento à maneira como come, ou seja, a quantidade e a velocidade com que come e como se sente após esse momento, se consegue perceber momentos de exageros e quais são os sentimentos que vêm à tona após os episódios de compulsão. 

É importante que o nutricionista auxilie o paciente na introdução de um padrão regular de alimentação e o ajude a desconstruir crenças disfuncionais sobre alimentação, que podem levar a episódios de compulsão. Restrições alimentares autoimpostas podem gerar compulsão. Melhorar a relação do paciente com a comida sem fazer terrorismo nutricional é de suma importância.    

 

REFERÊNCIAS:

[1] Transtornos alimentares e nutrição: da prevenção ao tratamento/ organização Marle dos Santos Alvarenga, Karin Louise Lenz Dunker,Sonia Tucunduva Philippi. – 1. ed. – Barueri [SP] : Manole, 2020.