TRANSTORNO ALIMENTAR: Manejo nutricional da anorexia nervosa

A Anorexia Nervosa (AN) é um transtorno alimentar caracterizado pela perda excessiva e intencional de peso com um emagrecimento intenso. Muitas vezes conversar com o paciente sobre seu comportamento alimentar não é suficiente, surgindo a necessidade de outras abordagens.

É recomendável que, após o estabelecimento de vínculo, o paciente crie uma lista de alimentos que excluiu da alimentação e dê uma nota de 0 a 10, com a resistência que tem para cada um dos alimentos. Com esta lista o nutricionista pode tentar reintroduzir os alimentos aos poucos.

O ganho de peso gradual é uma medida confiável de que o paciente está evoluindo, e é uma maneira de reconhecer o esforço do paciente. Com a melhora do quadro clínico do paciente, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) se torna uma abordagem mais viável, pois acredita-se que a desnutrição tem ação direta na piora das distorções cognitivas e corporais.

Deve-se evitar confrontos diretos com o paciente sobre suas crenças e hábitos alimentares inadequados, podendo usar os princípios da TCC para educar nutricionalmente o paciente, com informações científicas e confiáveis, na tentativa de despertar a atenção e criar consciência sobre suas escolhas alimentares.

A entrevista motivacional (EM) também é uma abordagem que pode ser utilizada. Quando o nutricionista pode perceber resistência à mudança de comportamento por parte do paciente, pode recuar e procurar modificar o foco, por exemplo. Estratégias da EM também são espelhar ambivalências ouvidas e definir cenários para uma abordagem experimental. A EM pode ajudar a identificar a manutenção do comportamento alimentar disfuncional e fatores responsáveis por piorar a qualidade de vida do paciente.

Durante a consulta nutricional também é possível ajudar o paciente a identificar problemas pessoais e isolamento social. A EM é baseada na autonomia do paciente, assim ele atua no seu próprio processo terapêutico. Mas, quando o nutricionista julgar que o paciente não está em condições de tomar decisões, deve atuar de forma mais enfática e direta.

No início, pode-se utilizar a prescrição dietética para obter uma melhor adequação da qualidade e quantidade de alimentos. Principalmente em pacientes mais resistentes, com perfil perfeccionista, a prescrição dietética pode aumentar a chance de adesão ao tratamento.

 

Referências:

[1] ALVARENGA, Marle; FIGUEIREDO, Manoela; IMERMAN, Fernanda; ANTONACCIO, Cynthia. Nutrição Comportamental. Editora MANOLE, 2019. 2 º Edição.