ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS NAS DIFICULDADES ALIMENTARES

Na maioria das situações, as dificuldades alimentares têm vários fatores que desencadeiam seu aparecimento e a sua persistência. A interação entre a criança, a comida e os pais e/ou responsáveis que a alimenta pode gerar múltiplas combinações de fatores de risco, entre os mais comuns, destacam-se:

  • Falta de apetite por doença orgânica: inapetência causada por alguma doença (alergias alimentares, por exemplo);
  • Inapetência por interpretação equivocada dos pais: os familiares acham que a criança não come o suficiente;
  • Alimentação seletiva: rejeição persistente a certos alimentos, onde a recusa é relacionada à características particulares, como sabor, textura, odor ou aparência dos alimentos, ultrapassando a resistência normal a novos alimentos.
  • Medo da alimentação: fobia intensa à simples perspectiva de se alimentar, além de uma forte resistência a qualquer tentativa nesse sentido.

Sendo assim, percebe-se que os dois momentos da infância que são considerados de grande tensão pelos pais, em relação a nutrição e o comportamento alimentar, são a introdução alimentar e a fase pré-escolar.

A introdução da alimentação complementar é caracterizada por um período de transição, em que o lactente deixa de se alimentar exclusivamente pelo aleitamento materno e é apresentado a várias novidades, desde utensílios até os diferentes alimentos.

Na fase pré-escolar é comum ocorrer a redução do apetite, pois a criança se distrai facilmente da refeição para brincar e/ou interagir com alguém, permanecendo mais interessadas no ambiente do que na comida, podendo gerar uma preocupação nos pais, que por vezes podem adotar atitudes inapropriadas na tentativa de fazê-los alimentar-se, como, por exemplo: imposições, punições e chantagens alimentares e até mesmo oferta de uma alimentação monótona, visando uma melhor aceitação.

Para auxiliar nesse processo, mencionamos algumas estratégias que podem contribuir no enfrentamento às dificuldades alimentares:

O QUE FAZER

  • Colocar a criança sentada à mesa com os demais familiares, mesmo que não vá comer, eliminando distrações como assistir TV;
  • Manter-se neutro durante a refeição, sem demonstrar preocupação (a ansiedade aumenta a rejeição pela comida);
  • Esperar a próxima refeição quando a criança se queixar de fome, e servir o mesmo que será servido aos demais familiares (tentar ocupá-la com atividades de que gosta nesse intervalo);
  • Focar na refeição em si – no ato de sentar à mesa e comer – e não no quanto ou no que está comendo quando a criança conseguir comer.

O QUE NÃO FAZER

  • Substituir a refeição por alguma comida ou bebida que a criança aceite – mamadeira, por exemplo;
  • Permitir que a criança “belisque” nos intervalos das refeições e lanches;
  • Se preocupar demais com medo de os filhos “não comerem” ou “não crescerem de maneira adequada” e oferecer alimentos substitutos o tempo todo;
  • Pressionar, chantagear ou forçar a criança a comer.

[1] ALVARENGA, Marle; FIGUEIREDO, Manoela; IMERMAN, Fernanda; ANTONACCIO, Cynthia. Nutrição Comportamental. Editora MANOLE, 2019. 2 º Edição.