Viés de atenção para alimentos não saudáveis em indivíduos com obesidade grave e compulsão alimentar

   Na última semana, a Alimentas contou, no seu grupo de estudos, com a presença da Profa. Dra. Lisiane Bizarro, do Instituto de Psicologia da UFRGS. Foi uma tarde de muito aprendizado e trocas de experiências com a professora convidada. Dentre diversos assuntos, foi discutido o artigo, publicado pela professora e por colegas da área, com o seguinte título: “Attentional bias to unhealthy food in individuals with severe obesity and binge eating”, em tradução livre, “Viés de atenção para alimentos não saudáveis ​​em indivíduos com obesidade grave e compulsão alimentar”.

   Iremos apresentar para você um breve resumo sobre esse artigo, que pode ser bastante útil para reflexão e também para a prática clínica. Esse estudo investigou o viés de atenção para alimentos não saudáveis em diferentes estágios de processamento de atenção em uma amostra clínica, comparando indivíduos vivendo com obesidade (IMC > 34 kg/m²) com e sem compulsão alimentar (CA).

   Os participantes (n = 44), todos maiores de 18 anos, foram separados em dois grupos, de acordo com escalas aplicadas para compulsão alimentar. Segundo os autores, há um consenso de que é comum existir um viés de atenção em relação à comida na população que vive com obesidade. No presente estudo, eles realizaram uma tarefa computadorizada para avaliar o viés atencional em diferentes estágios do processo atencional dos participantes. Foram utilizados pares correspondentes de alimentos não saudáveis e imagens que eram extremamente parecidas com os mesmos alimentos, as quais apareceram por 100, 500 e 2000 ms.

   O grupo com CA apresentou maior viés alimentar do que o outro grupo. No entanto, ambos mostraram viés atencional positivo para os alimentos no estágio inicial de orientação (100 ms) e próximo do zero no estágio de manutenção da atenção (2000 ms). Além disso, o grupo CA também mostrou viés para imagens de alimentos em 500 ms. Isso aponta que o desengajamento de estímulos relacionados a alimentos foi mais rápido no grupo sem compulsão alimentar.

   A partir desse estudo, foi possível notar que o desengajamento mais lento para os alimentos não saudáveis pode ser um marcador cognitivo do comportamento de compulsão alimentar na obesidade grave. Somando-se a isso, o principal achado do estudo foi que os participantes vivendo com obesidade grave, que relataram CA, parecem levar mais tempo para suprimir o viés atencional para alimentos não saudáveis em detrimento dos participantes que não relataram CA.

O artigo pode ser conferido no link abaixo:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27836635/

Por Louise Barbosa