Transtornos Alimentares: Anorexia Nervosa – o que é?

A prática do jejum existe na humanidade há muito tempo, sendo bastante descrita na Antiguidade, por exemplo, como uma prática religiosa. Na literatura há diversos relatos de indivíduos que passaram a restringir o seu comportamento alimentar ao longo dos anos, limitando o consumo de alimentos e alegando que deste modo se sentiam mais próximos das divindades. Sendo assim, é preciso dizer que o ato de jejuar não representa necessariamente um transtorno alimentar. De maneira literal, a palavra anorexia nervosa (AN) pode ser descrita como “falta de apetite’’. Pacientes anoréxicos apresentam uma preocupação excessiva com a forma e com o peso corporal, o que os leva a adotar comportamentos alimentares inadequados, visando a perda de peso. 

Na AN ocorre uma recusa por parte do indivíduo de manter o seu peso corporal em um nível que seja igual ou acima do mínimo adequado para a sua idade e altura. Deste modo, o paciente utiliza de métodos inadequados para o controle de peso. Além disso, há um medo intenso de ganhar peso, sendo a maioria dos pensamentos anoréxicos referentes a preocupações excessivas com a comida, peso e forma corporal, o que leva a distorção da autoimagem. 

Em 1970, Gerald Russel, um psiquiatra britânico, sugeriu três critérios diagnósticos para a anorexia nervosa, os quais são utilizados até hoje, com algumas modificações:

  1. Comportamento dirigido a produzir perda de peso;
  2. Medo mórbido de engordar;
  3. Distúrbio endocrinológico;

A “busca incansável pela magreza”, bastante característica da AN, leva à desnutrição severa, e os comportamentos anoréxicos, mesmo sendo sempre relacionados à diminuição do ganho de peso ou aumento do gasto energético, não podem ser considerados constantes. Há diferenças observadas no padrão alimentar e nos métodos utilizados pelos anoréxicos para emagrecer ou evitar o ganho de peso: alguns pacientes perdem peso através da restrição calórica rígida e intensa, que pode envolver jejuns, por exemplo, além de evitarem alimentos calóricos na alimentação. Nesse sentido, além de controlar exageradamente a dieta, pacientes anoréxicos podem também induzir o vômito, além de tomar diuréticos de maneira frequente e utilizar purgantes. É preciso pontuar também que o nível de atividade física realizado é, na maioria das vezes, exagerado. 

   Tipos de AN:

  1. Restritivo: não há envolvimento do paciente com nenhum tipo de comportamento compulsivo ou de purgação, como vômitos ou uso de laxantes ou diuréticos;
  2. Purgativo: há envolvimento regular  do paciente com comportamento compulsivo ou atos de purgação;

Seguindo esse contexto, é preciso pontuar também as diferentes alterações biológicas causadas pela AN, sendo uma delas a amenorréia em mulheres, assim como a diminuição da libido. Na fase pré-adolescência, aspectos que podem ser afetados pela doença são o retardo da menarca e o estirão pubertário, o que pode causar prejuízo para a estatura na idade adulta. Ademais, a produção de hormônios, como o cortisol ou hormônio da tireoide, por exemplo, também é afetada pela AN. 

Existe também uma relação entre os diversos tipos de transtornos alimentares, visto que sabe-se que a maioria dos pacientes anoréxicos que utilizam de métodos purgativos o fazem após episódios de compulsão alimentar, a fim de controlar o suposto ganho de peso. Um estudo mostrou que cerca de dois terços das anoréxicas purgadoras são também bulímicas, caracterizando ainda mais essa relação.

Por fim, gostaríamos de lembrar que a AN é uma doença que apresenta tratamento multiprofissional, sendo super importante e necessário o acompanhamento médico, assim como de um profissional da nutrição e da psicologia.

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Referência:

NUNES, Maria, APPOLINARIO, José, GALVÃO, Ana, COUTINHO, Walmir. Transtornos Alimentares e Obesidade. 2ª Edição. São Paulo. Artmed, 2006.