Recentemente o mundo presenciou uma cena incomum mas muito importante para a saúde mental no esporte. A atleta norte-americana Simone Biles decidiu não seguir na competição por equipes para se proteger, o que provoca um novo olhar para a saúde dos atletas e uma positiva mudança no esporte.
Entre as ginastas existe uma gíria (em inglês) chamada “twisties”, que é uma espécie de bloqueio mental ou perda da consciência plena do espaço e do movimento durante a sua execução. Nesses casos, de repente, a ginasta perde a noção de onde está no ar e não é mais capaz de fazer um movimento que já havia feito milhares de vezes antes, pois o corpo simplesmente “não coopera”. Foi exatamente isso que aconteceu com a Simone e o que fez ela priorizar a si mesma ao deixar a competição.
A tensão e estresse são muito presentes na vida dos atletas de alto rendimento, e a psicologia utiliza de suas ferramentas para auxiliar os profissionais dessa área. Estudos já mostram que o estresse aumenta o risco de doenças e de comportamentos perigosos que podem levar a uma maior chance de contusões e desempenho prejudicado. Uma das principais causas de estresse é a pressão constante por resultados, que pode levar à auto cobrança exagerada e a obrigação de ter que provar seu valor a todo momento. Nesse caso, é de extrema importância que não deixem de lado sua saúde mental e física, sendo extremamente importante conhecermos nossos limites. Até onde é possível ir sem causarmos prejuízos a nós mesmos? Simone fala exatamente sobre isso quando diz a seguinte frase:
“Temos que proteger nossas mentes e corpos, não é apenas ir lá [competir] e fazer o que o mundo quer que façamos. Nós não somos apenas atletas, no fim do dia nós somos pessoas, e às vezes temos que dar um passo atrás”.
Com essas palavras e atitudes, Simone nos mostra que precisamos nos cuidar e nos preservar acima de qualquer outra coisa, inclusive de uma medalha olímpica.
Ou seja, independente do que as pessoas e o mundo esperam de nós, não podemos jamais nos colocar em risco, pois nossa saúde e segurança valem muito mais. Essa atitude da atleta é de grande responsabilidade e coragem, e deve servir de exemplo a todos nós. Com esse novo olhar proporcionado por Simone Biles será possível uma vida mais saudável também no esporte.
Referências:
[1] KIHARA, Wellington Minoru; NICKEL, Daniele Cristine. Percepção de situações de estresse e desencadeamento de psicossomatizações em atletas de alto rendimento: um ciclo vicioso. Caderno PAIC, v. 14, n. 1, p. 25-38, 2013.
[2] Site CNN Brasil. Biles e os ‘twisties’: como o medo afeta a saúde mental e a segurança das ginastas. Elle Reeve. 29 de julho de 2021 às 00:58 | Atualizado 29 de julho de 2021 às 03:20. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/esporte/2021/07/29/biles-e-os-twisties-como-o-medo-afeta-a-saude-mental-e-seguranca-das-ginastas>.