Modelo Transteórico – o que é e como usá-lo na prática clínica

O Modelo Transteórico é uma teoria desenvolvida pelos psicólogos James O. Prochaska e Carlo C. Diclemente como um modelo terapêutico em 1982. Os estudos iniciais foram feitos com tabagistas, que obtiveram sucesso na cessação do consumo de tabaco. Em 1992, os autores propuseram cinco estágios de mudança: pré-contempleção, contemplação. preparação, ação e manutenção.

Na pré-contemplação o indivíduo tem pouca ou nenhuma consciência acerca de seus comportamento-problemas. Não tem a intenção de mudar nos próximos seis meses.

Na contemplação o indivíduo tem consciência do problema, mas ainda não tem a pretensão de resolvê-lo, ou seja, ainda não se comprometeu em tomar uma atitude para a mudança de comportamento. Pensa em mudar o comportamento nos próximos seis meses.

A preparação é o estágio em que o indivíduo pretende ter alguma ação em relação ao comportamento-problema no próximo mês, mas ainda não há um plano real e consistente, há apenas um objetivo para ser alcançado em um futuro próximo.

No estágio de ação há modificação no comportamento, nas experiências ou no ambiente para que o problema seja superado. Requer mudanças comportamentais maiores e mais efetivas, bem como maior comprometimento por parte do indivíduo no problema. É preciso manter-se por três a seis meses.

No último estágio, manutenção, se trabalha para prevenir recaídas e consolidar os ganhos obtidos durante o estágio de ação. Pode ser visto como uma continuação do processo de mudança. O indivíduo deve se engajar por pelo menos seis meses e estabilizar a mudança. Sem recaídas.

É importante ressaltar que a mudança de estágios não é feita necessariamente de maneira linear. É possível que o indivíduo tenha recaídas durante o processo, onde o indivíduo pode retornar a estágios menos avançados. Por isso, é interessante pensar nesse modelo como um espiral, pois caso haja recaída, o indivíduo possa aprender com seus erros e tenha uma ação diferente na próxima vez e não haja regressão total ao início dos estágios.

No contexto alimentar, o Modelo Transteórico tem foco na mudança de hábitos alimentares, podendo ser aplicado junto a técnicas de entrevista motivacional para compreender melhor o contexto do indivíduo e ajudá-lo na mudança comportamental.

O Modelo Transteórico pode ser utilizado para aumentar o consumo de frutas, vegetais, fibras e água, por exemplo. Também pode ser utilizado para diminuir o consumo de ultraprocessados, doces e bebidas açucaradas em excesso. O sucesso desse modelo depende do profissional da saúde ser capaz de entender as limitações dos indivíduos e saber trabalhar em cima disso, respeitando as individualidades de cada um e o estágio em que se encontra.

Assim, a partir do Modelo Transteórico, é possível ter um direcionamento para que as mudanças sejam efetivas, traçando estratégias de abordagem mais assertivas, tornando o processo de mudança de comportamento alimentar mais eficaz.

Referências

LUDWIG, M. W. Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento na Síndrome Metabólica: Intervenções e Fatores Preditivos de Mudança. 2012. Tese (Doutorado em Psicologia) – Faculdade de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

TORAL, N.; SLATER, B. Abordagem do modelo transteórico no comportamento
alimentar. Ciência e Saúde Coletiva, v. 12, n. 6, p. 1641–1650, 2007.

PROCHASKA, J.; DICLEMENTE, C. C.; NORCROSS, J. C. How people change, Prochaska, 1992. American Psychologist, v. 47, September, n.9, p. 1102–1114, 1992.