Influência do Comportamento Alimentar familiar na primeira infância

Durante a primeira infância as crianças não possuem total autonomia alimentar por ainda não terem o conhecimento e a experiência necessária para fazer suas próprias escolhas alimentares pensando na qualidade nutricional dos alimentos. Portanto, os pais ou cuidadores exercem o papel de autonomia e escolha de alimentos para oferta-los às crianças.

Existem valores e hábitos alimentares que nos são passados por nossas famílias, destes hábitos, alguns podem oferecer proteção ou risco à saúde. Durante as refeições, os cuidadores são exemplo para a criança e suas escolhas alimentares ajudam a desenvolver os hábitos e gostos alimentares da criança, portanto as refeições em família têm grande papel na determinação da alimentação futura da criança.

Alguns estudos trazem que as refeições em família são um fator protetor para o excesso de peso e costumam promover o maior consumo de cereais, verduras, vegetais, leites e derivados e carnes. Obviamente que devemos levar em consideração as escolhas alimentares dos cuidadores, já que são os maiores exemplos e são quem escolhem os alimentos que serão ofertados. Se os cuidadores apenas comerem e ofertarem alimentos ultraprocessados durante as refeições, possivelmente são esses alimentos que a criança aprenderá a comer e gostar.

Existem algumas atitudes dos cuidadores relacionadas a regulação alimentar, estas atitudes podem ser classificadas em controle restritivo, pressão para comer ou controle discreto. O controle restritivo seria quando os cuidadores excluem da alimentação aqueles alimentos que consideram não saudáveis, controlam a quantidade ingerida de alimento e se mostram excessivamente preocupados com a alimentação da criança. A pressão para comer seria quando os cuidadores tentam forçar que a criança coma tudo que está no prato, por exemplo, dificultando que a criança entenda os sinais de fome e saciedade. Já o controle discreto seria quando os cuidadores têm menos atitudes controladoras e dão maior suporte psicológico.

Algumas destas atitudes podem ter efeitos negativos na alimentação da criança, como as atitudes coercitivas (tentar forçar à comer) ou excessivamente controladoras, já as práticas controladoras discretas podem ter influências positivas, como a disponibilidade de alimentos saudáveis em casa.

Percebe-se a importância que a família tem no desenvolvimento das escolhas e preferências alimentares das crianças, tanto pela oferta de alimentos quanto pelos hábitos e atitudes alimentares, que podem gerar efeitos positivos ou negativos futuramente. O reconhecimento dos sintomas de fome e saciedade e o entendimento sobre o autocontrole da criança em relação a sua ingestão contribuem para um comportamento alimentar adequado a longo prazo.

É importante lembrar que além do que a criança come, é importante ver como, quando, onde e quem alimenta esta criança. Uma interação saudável entre criança e cuidadores é importante para determinar os hábitos alimentares que podem perdurar até mesmo sua vida adulta. A melhor forma de a criança possuir um comportamento alimentar adequado é que os cuidadores sejam exemplo.

Referências:

[1] YASSINE, Yasmin Imad; ORDOÑEZ, Ana Manuela; SOUZA, Isabel Fernandes de. A influência do comportamento alimentar familiar na primeira infância: Uma revisão integrativa. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 20, pp. 43-63. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959.