Já sabemos que a influência materna é um importante fator no desenvolvimento de transtornos alimentares e insatisfação corporal nas filhas. Nesse sentido, o incentivo por parte das mães para que as suas filhas percam peso está diretamente ligado ao desenvolvimento de sintomas bulímicos, por exemplo. Além disso, estudos recentes indicam que as filhas cujas mães falam mais sobre dieta e insatisfação corporal são mais propensas a serem diagnosticadas com algum transtorno alimentar.
Dentro desse contexto, é importante destacar que algumas variáveis da relação mãe e filha, como assuntos relacionados ao corpo, por exemplo, sugerem que as progenitoras servem como modelo primário ao tratarmos das práticas alimentares das filhas. Um estudo longitudinal de título “In It Together: Mother Talk of Weight Concerns Moderates Negative Outcomes of Encouragement to Lose Weight on Daughter Body Dissatisfaction and Disordered Eating” coletou informações referentes a meninas adolescentes, a fim de entender melhor a transição para a adolescência e a relação entre a imagem corporal e problemas de alimentação. A análise incluiu 89 adolescentes, entre a sexta e a oitava série, sendo um critério de inclusão ser a filha mais velha da família. As séries escolares escolhidas para o estudo em questão tiveram relação com evidências de que a insatisfação corporal e o aumento dos transtornos alimentares apresentam maior variabilidade no início da adolescência em comparação com metade da infância.
Tendo em vista os resultados da pesquisa, foi relatado que o maior incentivo da mãe à realização de uma dieta por parte da filha pode ser um preditivo de maior desejo de magreza, enquanto a maior frequência de conversas maternas sobre preocupações com o peso pessoal foi associada a níveis mais baixos de desejo de magreza. Ademais, foi exposto também que quanto maior o encorajamento por parte da mãe à dieta, menor o comportamento dietético das filhas, caso as mães discutam as suas preocupações relacionadas ao peso com as filhas. De maneira semelhante ao impulso por magreza, quando o incentivo da mãe à dieta foi mais baixo, assim como os índices de conversa sobre preocupações pessoais com o peso, níveis mais baixos de comportamento de dieta foram mostrados.
Por fim, a partir das análises realizadas no estudo foi possível perceber que as mesmas revelaram uma interação bastante relevante no que tange aos efeitos do incentivo materno à dieta, visto que esses resultados foram atenuados pela conversa das mães sobre preocupações com peso pessoal. Quando o incentivo da mãe à dieta e as conversas das mães com as filhas sobre suas preocupações com o peso foram mais altas, as filhas relataram menor desejo de magreza e comportamentos de dieta em comparação ao menor incentivo da mãe à dieta. Logo, o estudo analisado contribui de maneira única para avaliar melhor os desdobramentos da relação mãe e filha no comportamento alimentar.
O artigo pode ser conferido no link abaixo:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4783273/pdf/nihms736493.pdf
Referências:
HILLARD, E. E. et al. In it together: Mother talk of weight concerns moderates negative outcomes of encouragement to lose weight on daughter body dissatisfaction and disordered eating. Body image, v. 16, p. 21–27, 2016.