Alimentação emocional

Todo mundo sabe que as emoções têm um poderoso efeito na escolha dos alimentos e, simultaneamente, nos hábitos alimentares de cada um, com o intuito da procura do bem-estar emocional.

humor e as emoções podem influenciar a escolha dos alimentos, da mesma forma que o consumo de certos alimentos pode alterar o humor ou o estado emocional. A ingestão emocional traduz a perda de controle da ingestão por exposição a fatores de stress, implicando em desinibição alimentar nessa situação.

Diante de conflitos e mal-estar, as pessoas constituem a comida como uma forma de se acalmar ou resolver o problema, contrariamente a pessoa não propensa para a ingestão emocional, que tende a apresentar o seu apetite diminuído.

Portanto, pessoas que sofrem de perturbações relacionadas com o comportamento alimentar, poderão evidenciar um comportamento de consumo excessivo de comida quando ficam ansiosas, ou quando algo não ocorre da forma que esperavam, ou quando se sentem solitárias e depressivas. Frente à insegurança vivenciada no presente, lembram-se do objeto moderador, a comida. Podem assim apresentar uma carência afetiva confundida com a falta de comida.

De acordo com um determinado autor, as emoções intensas podem suprimir o apetite; por outro lado, o mesmo autor refere que as emoções podem perturbar o controle cognitivo, podendo ser reguladas pela ingestão (isto é, levar ao aumento do consumo de doces e alimentos muito energéticos).

O investigador refere ainda que as emoções podem provocar uma apetência por alimentos com os quais são congruentes (por exemplo, em situações de alegria as pessoas tendem a comer mais os alimentos ligados ao prazer, como chocolates ou outros doces).

Há várias teorias que explicam este mecanismo, no entanto o princípio é o mesmo. As pessoas comem para resolver ou compensar problemas dos quais, muitas vezes, não têm consciência (podem, por exemplo, apresentar dificuldades em obter prazer nas relações sociais, por se sentirem rejeitados ou discriminados) e, por outro lado, esses sentimentos contribuem para que pessoas com obesidade  vejam a comida como importante fonte de prazer.

Semelhante as substâncias psicoativas existem alimentos ditos hiperpalatáveis (ricos em açúcar ou sal e gordura). Foi demonstrado que o consumo desses alimentos e o abuso de substâncias químicas envolvem os mesmos sistemas de reforço e recompensa, não só comportamental como neurológico, mediante a interação com o sistema dopaminérgico. Outros autores referem que o ato de ingerir alimentos em grandes quantidades equivale a um ato autoagressivo, a uma autopunição, na medida em que, não conseguindo exprimir as emoções mais negativas, o indivíduo irá transpor a agressividade para si próprio.

Fonte: Rodrigues, M., Pimenta, F., Bernardino, A., Ferreira, P., & Leal, I. (2013). COMPORTAMENTO ALIMENTAR: INGESTÃO EMOCIONAL, INGESTÃO EXTERNA E RESTRIÇÃO ALIMENTAR. Sintomas Alimentares, Cultura, Corpo e Obesidade, 57.